ESPERANÇA MORTA
Hoje morreu uma esperança,
Uma esperança de verdade,
O animalzinho,
Perto da minha mesa de trabalho.
Fiquei olhando o bichinho imóvel,
Verde, calmo
E silencioso como uma pluma ao vento.
Tinha essas mesmas características
Quando estava vivo.
Nunca tinha visto
Uma esperança morta!
Só a minha
Ao te ver sair à porta,
A porta da minha vida!
Mas a minha esperança, quando viva,
Não era um animal
Nem era verde, nem calma,
Era apenas silenciosa...
Quem comparou
Essas duas esperanças,
Essa que é um animal
E a outra que nos faz criança?
A minha esperança não era verde,
Era multicor
Ao te ver sempre pintava em meus olhos
As cores do arco-íris.
Calma também nunca foi.
Era um turbilhão
Que me fazia vibrar
A cada vez que sorria me.
Morreu aquela esperança,
O animalzinho,
E a minha de herança,
A que herdei com a perseverança
Com que te esperava voltar,
Voltar a continuar a me amar!
É mentira quando dizem
Que a esperança
É a última que morre.
A minha morreu,
Pois agora sei, não voltas.
Mas o meu amor te desenha
Em tudo a minha volta
E parece querer
Trazer-te sempre de volta!