Estações do Meu Amor
Em uma manhã de sábado
você me recebeu com um sorriso.
Eu ainda tinha vestígios de sono nos olhos
e em meu corpo a timidez fervilhava.
Durante a tarde chuvosa
você tomou minha mão,
e em um arroubo de coragem
te puxei para um beijo.
Obrigado por segurar a minha mão!
Depois disto, eu não fui mais embora,
e não pretendo ir tão cedo.
Quero continuar segurando essas mãos,
pequenas e jeitosas,
para que juntos caminhemos
no fluxo da existência.
Se a noite descer escura,
abra teu sorriso.
Ele ilumina as trevas
onde não se chega nem o brilho
de uma constelação inteira.
Se o inverno te tocar
e o frio te aliciar,
abrace o meu corpo
e sinta o meu coração pulsar.
Contemple as folhas
que o outono derruba.
Observe o jardim
em que a primavera prospera.
No verão, deite-se na grama,
o frescor que dali emana,
não é sentido em nenhuma cama.
Mire teus olhos em mim.
Quero ser enquanto tu me olhas.
Quero existir engendrado
pelo teu riso.
Quero colocá-la em meu abraço
quando a noite se fizer ente.
Quero ler para que tu escorregue
para o sono, enquanto eu faço costado.
Quero sempre a sensação
de acordar e ver teu riso,
é isto que dá corpo ao dia,
teu riso e nada mais.
O resto é contingência,
fluxo de existência,
correnteza violenta
que nos empurra
para o abismo tético.
Para seguir em frente
neste mar bravio,
é preciso um porto seguro.
Este porto seguro
encontrei traduzido
no teu riso.
à Regina Olea