ÁRVORE NO TEMPO

Árvore no Tempo

Ainda jovem arbusto

Olhares verdejantes, cabelos em flor,

Abraçava-me de noite e de dia

Na névoa da manhã

Clarão que me açoitava

Néctar para frutos de tempos em tempos

Sozinha ereta e fecunda aguardou

A tua vinda amante para a colheita

Parada e com seiva espumante

Na troca de pele das estações radiantes

Floradas de amor e espera

Com pés firmes e braços para o céu

Viver do sal e doce que deixaste

Na terra da verdade do mundo

Árvore frondosa no topo do firmamento

Tempestades, vendavais, sol a pino;

Orvalhando as dores dos braços uma vez partidos

Nas noites em breu azulado

Manhãs cinzentas do silêncio

Cicatrizes e nós na casca dura

No fruto que não perdura no tempo

Ao sol torrente morria

Arcando os galhos firmes de outono

Na aurora das folhas já não resistiam

Ao teu frio esquecimento

Perdida, abandonada na floresta

Secando em vida... Doente em sofrimento

A resta espera da água diamante

No vão das raízes

Do teu abraço líquido e feliz

No vão. Em vão? Em vão.

Doente, corpo oblíquo... Os pássaros fugiam.

O sol avermelhado incendiando a alma

Brasa iluminando as folhas rotas

Que gorjeavam em insuportável dança e cantos

Tombada agonizante, deitada ainda sofria...

Esperando a volta e teu querer

Por mais um só dia

Mais uma só manhã indolor

ou mais uma noite talvez...

Será que não lembrarás de mim Poeta,

quando escreveres sobre o Amor ?

Cíntia Thomé

Faz parte do livro da autora Cíntia Thomé - OLHOS DE FOLHA MINHA

pela livraria Saraiva

Cíntia Thomé
Enviado por Cíntia Thomé em 04/05/2007
Reeditado em 02/06/2008
Código do texto: T474978
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