EFÍGIE DE UM AMOR AO ESPELHO

Não, não era amor
isso que dizias
sentir:

o que quiseste
foram sombras e insânias
– maiores que as tuas –,
nas horas em que te
descarregavas,

o que quiseste
foram palavras adornadas
nos momentos em que
precisavas,

o que quiseste
foram sementes de vida
quando,
em pedras do caminho,
te quedavas,

o que quiseste
foram resistências de mim,
quando,
em outros amores vãos,
combalidos por tuas ilusões
e chagas floridas,
te angustiavas;

enquanto, no momento
de te ofertares,
regozijavas faustas
alvas,

e riscavas o ar
com adagas
afiadas,

aspergindo minhas feridas
com o sal grosso
de tuas águas

e transformando cada sílaba
em dor e silentes
lágrimas.

Péricles Alves de Oliveira
Péricles Alves de Oliveira (Thor Menkent)
Enviado por Péricles Alves de Oliveira (Thor Menkent) em 29/03/2014
Código do texto: T4748363
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