DAMA E REI

Digo que você é a minha dama, minha Lua, e meus sonhos.

É minha rua, essas esquinas, vilarejos, esses endereços...

Por onde transitam minhas fantasias, e os meus desejos.

Por onde voam meus devaneios, esses ínsitos sofismas!

Você é isso, são esses sonhos, são disso, caminhos e aspirações.

Você diz que sou sua flauta, doce, abençoada, mágica.

Anuo contigo, pois só você a toca, e solfeja nossa canção,

Com essa exímia intencionalidade, a dar essa dimensão.

E faz desse som que fica dançando na sua boca, o eco,

Que em minha boca, traduzem as melodias que nos instiga.

Que nos impulsiona que nos desgoverna que nos irrompe.

Ai fica o coração, sedento, palpitando e dando palpites...

E essa linguagem dos corpos, também é ritmo e melodia.

São poesias, versos que declamamos, em cumplicidade!

E esses arrepios festivos, na pele, com cheiro de outono,

São pingos afáveis de orvalho, que banham os nossos corpos...

Quando dizes que sou o verso que fantasia a poesia da sua vida.

Dessa forma insinuante, essas rimas põe um Sol na minha vida!

E quando você ardilosamente emancipa-se, de quaisquer pudores...

Nessas horas, perco o rumo, o autocontrole e a vergonha.

E ante os cicio da harmonia, que acariciam os meus ouvidos,

E esses ais, esses estertores, que se misturam com os gemidos...

De forma intencional, premeditada, insidiosa, despudorada!

Revigoras seu macho, e diz dessa potência, incitando-me a libido.

Com a boca entreaberta sussurras, sou sua, sua fêmea, forma,

Convincente, que cria essas imagens concretas, e abstratas.

Tanto quanto surrealistas, e o inconsciente que nos libertam,

Aquarela com tintas fortes os nossos transes, que permanecem,

Mapeados em nossas peles, desenhados em nossos corpos!

Que ficam dançando sobre a pele, acenando para os deleites...

Que ficam tão intensos quão intensos é essa luxúria,

Que ficam tão insanos quão insanos são essas volúpias.

Albérico Silva.