MA VIE
Ao som dos sinos de Campanille
Muitos tons esfumados, poésie
Ela esconde-se sob o sol, desfile
Dona do teu canto doux, ma vie.
Teus olhos são telas de Ticiano,
Flutuam em águas de Canaletto.
Também és o brilho lontano
Neles fulgem os teus raios em dueto.
Hélio bem na fronte do Colosso,
Adornando-me suave os cabelos.
Desdêmona, sim, a deste Otelo,
Confidenciaste-me teus segredos
Pelas longas ruelas de Castello,
Apagamos resquícios de medo.
Contrariamente, deste-me a vida,
Do mesmo modo dei-te o viver.
Sob tua pele amêndoa, mouro tom,
Traz-me o gondoleiro o parecer.
Do que viu em teus olhos, paixão,
Entrega-me o espelho dos canais
E dá-me notícias tuas nas mãos,
Para que eu não te esqueça, jamais.
Março, 27, 2014
17:34