sussurras-me com essa tua voz azul ,
posto que a travessia do teu sopro
é o que transmuta esse areal de silêncio
em perenes mananciais de beijos...
Sempre que me olhares,
sê sede, fome, desejo !
tomas-me sem mesuras...
que as nascentes de meus açudes
deslizam em meandros de mel
a essa tua boca de loucura...
Sempre que me tocares,
não apenas resvales no pólen;
entranhas-te nos néctares,
enredas-te na essência, nos poros,
atas-te nos lábios... nas ancas !
Sê o único verbo
que voeja no arrepio da derme,
ardendo-me da alma à garganta;
Sê o único verso
que, além-mundo, me alcança.
Denise Matos