A PRINCESA E O POETA

Era Sábado: janela expondo o deslumbrante horizonte!

É por lá que desponta a fonte de toda loucura que se esculpe em sensatez.

Cá habita o singelo poeta, na multidão de seus eus querendo ser nós

Reunido a sós, com as sombras de sua sóbria embriaguez!

Nem o sol nem a chuva.

Nuvem densa indecisa ecoa o surdo som da imprecisão

Ela nunca vista, se desenha em sonho e adentra a porta aberta

Ela: encanto, enérgica, linda, meiga, magnética

Ele: sem feição, quer crer-se belo de coração, feito por ela poeta!

Foi a branda erupção, foi tufão de vento amigo

Foi princesa em conto breve, sua voz: doce canção!

Foi amor em embrião, foi surpresa duvidada e duvidosa

Deslumbrar – foi o verso

Encantar – foi a prosa!

Quem diria que as palavras poderiam lhe fugir?

Quem ouvira o tom rasgado de seu peito emocionado?

Quem explica a razão do poeta atordoado?

São as linhas indecisas, episódio a nascer

É ventura imprevista de crescer ou de morrer

É a lógica do não, afligida pelo fogo insano do sim

É o amargo do bom temperado pelo doce do ruim

É o conflito da moral, é a quebra de valor

É o talvez do só se for, é o veloz e descrido amor

É um tudo em meio a confusas cores do nada

É o pouco multiplicado no milagre do querer que se projeta

É a voz menina da mulher realeza

Que sem gesto algum se fez princesa e o tornou poeta!

Reinaldo Ribeiro
Enviado por Reinaldo Ribeiro em 04/05/2007
Reeditado em 01/12/2011
Código do texto: T474542
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