ESTRELA
CADENTE..


Apontada surgia a
nossa noite,
onde estrelas eram
luzes...luzes...
que piscavam na
imensidão
a combinar-se com
um belo olhar
que se mostrava
todo ansioso.

Sim eu sei...
as estrelas todas
estavam de olho
em nós dois,
e se brilhavam tanto
assim,
era porque quentes
eram
todos os nossos desejos.

E entao ela me olhava
apenas
como se não quisesse
nada...
só porque a noite
estrelava e ela,
amante,
toda se entregava
ao ritual celeste  
já iluminado.

Ela adorava estrelas
mas só de vez em
quando era possível
vislumbrá-las
em sua
máxima intensidade

Então, olhando
estrelas,
apenas quando era
possível,
ela me abraçava
como se fosse
gatinha manhosa,
e dali nem mais nos
mexíamos
extasiados ante o
imenso céu
e nossa paixão.

E depois...sorrindo
levemente
apenas me dizia:
está vendo aquela
estrela ali?
E eu dizia: sim,
estou vendo.
Aquela sou eu, a mais
brilhante.

Sim...ela tinha toda
razão.
Era mesmo uma
bela estrela
que me enchia os
olhos de prazer
e, no entanto, sempre
estrela distante.

Então...quando uma
estrela caiu
deixando um  rastro
de luz...
ela me disse: aquela
estrela é você...
estrela cadente...
estrela passageira.

E eu tinha de
reconhecer suas
palavras.
Sim...uma estrela
passageira...cadente.

Ela então deu-me
uma piscada.
E nos abraçamos
na noite meio fria.

Senti seu calor...
ela era
muito ardente !

E eu tão efêmero...
Tão cadente !

Cássio Seagull
em 23-03-14 SP