OMBROS ESQUECIDOS
Coloquei-te em meu altar,
fiz de ti a minha santa,
de joelhos,
submeti à tua vontade,
aos teus encontos de mulher.
Em teu desespero,
os meus ombros serviram
de travesseiro
e, ali, com carinhos,
tu te entregaste
ao descanso, do que sofreste no passado.
Quantas vezes enxuguei
o teu pranto,
quantas vezes passamos
em vigília, tentando amenizar
o teu espanto com a vida.
Em cada madrugada,
fiz de tuas confissões um rosário,
no qual, em cada passagem,
continha ecos
dos teus desamores.
Em todos eles, ainda existem vestígios,
dos canteiros onde tentei
plantar muitas flores.
Não sei se as flores germinaram,
não sei se o jardim ainda existe,
se encontra-se florido,
ou, se agora,
apenas propriedade um distante passado.
Hoje nada sei, não tenho mais notícias,
ouço tímidos rumores que és feliz,
que vives de braços dados
com um novo amor,
que sorri descontraída,
esquecida dos ombros
onde um dia choraste...