Minha eterna namorada


Oh! Minha eterna namorada
Tua ausência causa-me tormento
E humano como sou não aguento,
levanto do meu leito no calar da noite
e saio a caminhar nas ruas desertas
no silêncio da madrugada.
Embora no meu peito irrompa um
grito que estraçalha o sossego.
 
Sem te sou como uma folha seca
soprada pelo vento, sem rumo.
Uma pedra arremessada pela baladeira
de uma garoto passarinhando.
 
Uma dor prazerosa inunda o meu ser
pois sei que essa dor è compartilhada
contigo.
Não quero que outras mãos toquem
essa dor, pois ela pertence única e
exclusivamente à nós.
Como disse camões;
Amor é fogo que arde sem se ver,
é ferida que dói, e não se sente;
é um contentamento descontente,
é dor que desatina sem doer.”
 
Oh! Minha amada,
Oh! Minha eterna namorada
Como um João de borro
que aos poucos vai edificando
sua residência.
Entrastes no meu coração
e fizeste nele morada.
Não sei dizer que sentimento
é esse que me invadiu.
Acredito que transcende ao
que dizem ser amor e paixão.
É algo que adentra a dimensão
espiritual.
Uma navalha de dois gumes
que atinge a carne e o espírito.
 
Sem te o que seria de mim!?
Apenas uma matéria errante
Uma existência fadada ao descontentamento
Tu és quem dar rumo e sentido
ao meu viver.
Tu és a flor que viceja no meu jardim
A água que sacia a minha sede
O pedaço de pão que me alimenta
O abraço que me sustenta.
O beijo que arde em minha alma
A submissa que meus vis desejos acalmam.
 
Oh! Minha princesa imaculada
Oh! Virgem santa.
Oh! Minha eterna namorada
Oh! Princesa do meu reino encantado.
Perdoe-me por violar o teu santuário
Sacrilégio! Sacrilégio! Sacrilégio!
Encher de mácula os teus lençóis.
Sortilégio! Sortilégio! Sortilégio!
 
Esse amor que em mim raiou
E que renasce a cada novo dia
Que nem eu sei aonde vai me levar
Simplesmente quebrei os remos
E deixei que esse amor ensandecido
Seja os ventos que guie as velas da nau
Der um rumo para a minha efêmera existência.
Ou simplesmente fique a deriva na imensidão
do oceano.
Vou beber mais uma taça de vinho
Encolerizar-me.
E jogar a garrafa vazia nas águas
sem memória dos pântanos.
E quem sabe um dia a verdade
venha a tona, embora cause nojo e repulsa
para grande massa moralista da sociedade.
 
Minha eterna namorada,
Minha doce ama devotada,
Te amo com a força de mil grilhões
Te venero com a força de todas
as paixões inexplicáveis.