DEPOIS DO CREPÚSCULO
Houvera,
durante o longo dia
– como em todos
de sua vida –,
atravessado
todos os sinais
vermelhos;
à tardinha,
estava exausta
com a jornada marginal
entre os marulhos
dos regozijos
e as sombras dos
esconderijos
sapiens;
à noite,
depois de lidar
com todas as tarefas
acumuladas
de seu lar,
ainda encontrava forças
– quase sobrenaturais,
eu diria –
para vir me amar
em sonho
nuvem;
e eu
– perante a presença
da guerreira –,
com meus eructados
e enfermos
verbos
e com minh’alma
mergulhada em luz
mortiça,
nunca consegui
convencê-la
– além das palavras,
dos sonhos e das vesanias,
rodopiados pelos ventos,
intentos e inventos
do desalinho –
de que ela é,
e sempre será,
o grande e único amor
da minha vida.
Péricles Alves de Oliveira