Emoção Bipartida e Monodirecional
Tenho-o para mim, como um cálice
Embevece-me, inebria-me;
Acalanto sedento de estigmas e imperiosas sensações, nem sempre tão nítidas.
Um cálice atroz, por vezes;
Que se verte em meu peito como uma gota de sangue pungente.
Inquietação, movimento, e pausas repentinas sem fim.
Gritos e sussurros que se misturam ao som do vento,
Tempestivos gestos, luxurioso tato, requintado paladar, risos alucinógenos e olhares vultosos.
Beba-me em seu leito, traga-me o doce tormento das paixões suicidas, tão aflitas e desmedidas.
Veste-me com teu mando vermelho, degusta-me cheio de gula, como quem prova da melhor fantasia;
Meu cálice de encantamento, meu insolente e estúrdio desejo;
Grandes são os enigmas, tão ínfima e inócua minha expressão a ti.
Nem tanto, nem tampouco, apenas o muito que se pode sentir, o imenso que não se pode imaginar, somente o necessário que se pode discernir e o infinito que se pode sonhar;
Faz-me de te céu, teu poente, teu luar reluzente, que cai na noite ardente sem medo de sem entregar.
Extravagante erro, imperdoável anseio.
Emoção bipartida e monodirecional.