Infância
As luzes dos cabarés se apagaram em mim
Os sonhos das melodias no vento se foram
As noites agora são tristes como se tudo tivesse
Chegado ao fim. Solidão. Desapego. Desamores.
Calmaria sem sossego. Mente “trêbada” de tédio
Não há remédio para as mágoas de meu ser
Que só deseja viver sem pensar no fim.
Se tocar uma canção, meu coração se estilhaça
Mas não se estilhaça mais em mil esperança
Só entra na dança da rotina, que ainda menina
Me faz sofrer. Perder. Ganhar. Correr. Voar.
Tanto faz, não sou mais aquele que nos sonhos
Quando criança acreditava.
Mas pode estar certo: na vida eu acredito
Se tiver de falar eu falo, se tiver de gritar eu grito.
Calor. Frescor. Brisa. Vento forte ou vendaval,
Também tanto faz! Não me fazem mais ver
Às festas como nos velhos carnavais.
Talvez seja culpa da própria cronologia
Que a cada dia me sufoca, deixando-me
Tonto, quase louco. Louco! É pouco diante
Do que sinto. Morto de saudade da doce
Mocidade que não há de voltar.