Infância

As luzes dos cabarés se apagaram em mim

Os sonhos das melodias no vento se foram

As noites agora são tristes como se tudo tivesse

Chegado ao fim. Solidão. Desapego. Desamores.

Calmaria sem sossego. Mente “trêbada” de tédio

Não há remédio para as mágoas de meu ser

Que só deseja viver sem pensar no fim.

Se tocar uma canção, meu coração se estilhaça

Mas não se estilhaça mais em mil esperança

Só entra na dança da rotina, que ainda menina

Me faz sofrer. Perder. Ganhar. Correr. Voar.

Tanto faz, não sou mais aquele que nos sonhos

Quando criança acreditava.

Mas pode estar certo: na vida eu acredito

Se tiver de falar eu falo, se tiver de gritar eu grito.

Calor. Frescor. Brisa. Vento forte ou vendaval,

Também tanto faz! Não me fazem mais ver

Às festas como nos velhos carnavais.

Talvez seja culpa da própria cronologia

Que a cada dia me sufoca, deixando-me

Tonto, quase louco. Louco! É pouco diante

Do que sinto. Morto de saudade da doce

Mocidade que não há de voltar.

R J Cardoso
Enviado por R J Cardoso em 03/05/2007
Reeditado em 03/05/2007
Código do texto: T473143
Classificação de conteúdo: seguro