Prece ao Amor negro...

Eu não quero te olhar

eu não posso sentir esse inferno queimar

essa paixão que não nos pertence

a lembrança das minhas mãos deslizando

seus cabelos

essa sua jaqueta de couro

sua calça manchada

essas suas mentiras tão imbecis

mas não fui a mesma desde que te vi

a primeira

a segunda vez

quando acendemos a lava desse vulcão

e queimamos

desintegramos nossos sonhos

não nos pertencemos

não nos assimilamos

mas ardemos em desejo

em permutações baratas

nessas ordinárias noites de crime

onde o medo adormece

onde nossos corações sucumbem

e as suas músicas me perseguem

para dizerem que tudo o que vivemos

há de voltar do inferno

para nos perseguir

eternamente!

Quando sua voz me cala

e o que rompe minhas virtudes, em silêncio

finjo não sentir

como sempre fiz

mas anseio, anseio morrendo

quase em fogo intenso

um beijo, uma palavra, sua foto preto e branca

e então

nós ardemos em desejo

em respostas rápidas

nessas madrugadas embriagadas

onde o Amor não existe

onde nossos corações cicatrizam

e nossos passados nos assombram

para gritar ao mundo que tudo o que vivemos

há de voltar do inferno

para nos perseguir

eternamente!

Hail!

Anna Beatriz Figueiredo
Enviado por Anna Beatriz Figueiredo em 16/03/2014
Código do texto: T4731278
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