Píer dos Perfumes
Enfim, soou aquele acorde
Em lá maior, bem como dizia o ancião!
A soleira da varanda a cortesã
Vigia o horizonte, do além-mar
D’onde vem a palavra, o beijo, o aconchego
Da lágrima que chora, do fogo que aquece,
Dos meandros lançando-se em sofreguidão!
No cais apenas às lamparinas
Quebram o breu, dão melodia a noite
Seguindo pelas juras ouvidas pelo âmago
Embriagado na saudade que dói e constrói
Um castelo em cada praia, pelo leito do coração!
Ali, no píer dos perfumes aporta a nau...
- Ah, da vida sou morte
Da morte sou a vida
Em versos, em reversos,
Pois do tudo também sou nada
E do nada também o tudo!
As faces umedeceram-se,
E como nunca dantes os ósculos
Ficaram a deriva cheios de sentimento,
Arte, lamentos etéreos, uma paixão
Feita de amor, de poesia, de essência, ais!
15/03/2014
Porto Alegre - RS