Boneca De Pano
Não sei se vim do pó ou do barro.
Se sou filho de Deus ou do diabo.
Não dedilho harpas divinas.
Não uso tridente e nem tenho rabo.
Não sou anjo nem arcanjo...
Não sei por onde começo,
Muito menos por onde acabo.
Os anjos vivem me olhando torto.
Sou sonhos de alguns
E pesadelo de outros.
Se quiserem saber quem sou...
Eu tenho uma sugestão:
Sou malícia, sou engano,
Sou boneca de pano jogada ao chão.
Use-me, amasse-me,
Procure-me, acha-me.
Os anjos continuam a me olhar torto.
Sou sonho de alguns.
Pesadelo de outros.
E se quiserem saber quem sou eu,
Sou a malícia.
Sou o engano.
Sou, apenas, boneca de pano.