Um Sonho de manhã
“Essa noite (manhã) eu tive um sonho
Um sonho de sonhador
Maluco que sou, eu sonhei...” (Raul Seixas)
Era um lugar a ermo... desconhecido de todos.
Uma sala, um quarto, um escritório?
Não sei, mas este detalhe não importa.
O que realmente importa é quem comigo lá estava.
Estávamos sim, eu e ela, só nós dois,
numa grande sala de mesas e cadeiras.
A porta escancarada revelava toda a nudez do ambiente.
Mas, gerando vida naquele espaço,
vi também a nudez inebriante e saudosa
do corpo nu e encantador do meu amor...
Sua carne trêmula, lisa e apreensiva, entregue e entreaberta
num vislumbre de mútuo desejo
de cuidado e tensão, de tesão e excitação.
Ela então me pede para fechar a porta, num ambiente
que promova um tranquilo, recluso e seguro afagar de almas.
Porém, o meu desejo foi tão mais forte, tão mais intenso
que o pouco do leve e sutil físico contato de meus dedos sobre sua pele
não me permitiu que antes pudesse fechar aquela porta.
Me debrucei, rocei por sua barriga, beijei seu umbigo...
E sem hesitação não contive meus desejos
e me perdi nas mais belas e quentes saliências
protuberâncias e concavidades úmidas
de perfumes, dobras e vincos tentadores.
Foi então que o despertador tocou...
E aquele gostoso momento, a bela cena, a pessoa especial,
tudo se evaporou! Maldito despertador!
Só pude então gravar em minha memória
duas principais recordações do Sonho da Manhã:
- Uma, é que a nossa porta deve continuar sempre aberta
ela não pode ser fechada, pois a qualquer momento
podemos nos encontrar e ressuscitar o nosso Mundo
ainda que por um breve momento, numa breve e eternizada noite
com a mesma intensidade de sempre...
- E a outra, é que acordei de verdade
simulando o sorver de líquidos,
com estranhos e deliciosos movimentos labiais
de como se estivesse sugando algo muito liso
úmido e prazeroso... os lábios de tua boca em flor.