ORGULHO E RENÚNCIA...

Não penses que a mentira me consola:

parte em silêncio, será bem melhor...

Se tudo terminou, a tua esmola

meu sofrimento ainda fará maior...

Não te condeno nem te recrimino,

ninguém tem culpa do que aconteceu...

Nem posso contrariar o meu destino

nem tu podias contrariar o teu !

Sofro, que importa? mas não te censuro,

o inevitável quando chega é assim,

- se esse amor não devia ter futuro

foi bem melhor precipitar seu fim...

Não te condeno nem te recrimino,

tinha que ser! Tudo passou, morreu!

Cada qual traz do berço o seu destino

e esse afinal, bem doloroso, é o meu!

Estranho, é que a afeição quando se acabe

traga inútil consolo ao nosso fim

quando penso, que ainda ontem, - quem o sabe?

tenhas sentido algum amor por mim...

Não procures mentir... Compreendo tudo.

Tudo por si justificado está:

- não tens culpa se te amo... se me iludo,

se a vida para mim é que foi má...

Vês? Meus olhos, chorando, estão contentes

Não fales nada. Vai ! Ninguém te obriga

a dizeres aquilo que não sentes,

nem eu preciso disto minha amiga...

Parte. E que nunca alguém sofrer te faça

o que sofri com o teu ingênuo amor;

-pensa que tudo morre, tudo passa,

que hei de esquecer-te, seja como for...

Pensa que tudo foi uma tolice...

Só mais tarde, bem sei, - compreenderás

as palavras de dor que não te disse

e outras, de amor... que não direi jamais !

JG de Araujo Jorge - AMO 1938
Enviado por Poetisa Lukka em 14/03/2014
Código do texto: T4727827
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