Onde Mora A Saudade...
Perguntaram ao sabiá
Aonde é que a saudade mora
Num ímpeto ele se põs a cantar
Recordando daquela morena e sua viola
Um dia abandonado ele foi
Por aquela que dizia ser a sua companheira
Até que num estradão tocando boi
Viu como é dura a vida de uma moça brejeira
Assoviou tentando cortejá-la com a melodia
Mas ela virou-se para ele e apenas sorriu
Num misto de ternura e poesia
Então o sabiá pousou numa laranjeira em flor
Onde os galhos pareciam envoltos num véu
Ouviu os soluços provavelmente de dor
Oriundos dos lábios de uma cabocla chamada Raquel
Sentiu como se o seu coração
Estivesse aprisionado numa gaiola
Pois num mundo sem compaixão
Não é qualquer morena que de amor chora
Do amor ela ainda não conhecia os carinhos
Então fazia dueto com os passarinhos
Apertando a viola no peito
Como uma moça sonha em ser abraçada no leito
Aprendendo com a rusticidade do sertão
Que existe beleza até na solidão...