Quente ou frio
.:.
Não acredito em nenhum amor demasiado morno.
Amor que diz ‘Meu bem!’ que se trata por ‘Vida!’
Amor mesmo é aquele que exagera no contorno,
que se rasga de verdade, deixando aberta a ferida.
Quão insulso é o amor que prescinde de arranhões...
Amor mesmo necessita de contato, de brigas, palavrões.
Amor é aquele que xinga, pois a raiva expõe verdades!
Que amor é esse cheio de requintes e amenidades?
Se você é daqueles que diz ‘Vida!’ ou ‘Meu bem!’
Que graça há quando, chateado, tratar o amor com palavrão?
Acha grotesco, sem romantismo, ou falta de educação?
Então tente manter-se sincero diante das raivas, tudo bem?
Briga morna, amor morno, cama morna ou vazia...
Quanto maior o descontrole, mais picante depois, sabia?
Apimente a relação, aprenda a discutir qualquer tolice.
Sem isso, que tristeza, sua relação findará na mesmice.
Então você foi ofendida... Ele disse o que, posso saber?
Aposto que foram palavras prontas, cheias de não sei quê!
E que você fez por onde ouvir cada um das agressões...
Esperando fazer as pazes e enchê-lo de profundos arranhões.
Banhinho morno... Que não levanta a pele nem relaxa, relaxa?
É tudo o que você evita depois que a cerrada poeira baixa.
Ah, mas se os amores fossem todos mornos, feito banho-maria,
Amar seria remédio de doente, em dias de prece e de romaria.
Iguatu-CE, 11 de março de 2014.
14h51min
.:.