EU QUIS DIZER, MAS...

Transformei o meu pensamento em um aeródino

e com ele fugi deste estágio que me encontro

mesmo momentaneamente e apressado

por saber que o tempo é fugaz.

Quisera abranger tudo e tudo me desafiava

a dizer tantas coisas que estavam presas

dilacerando minha vontade, o silêncio

fez-se presente e elas se calaram...

Por certo e com o passar do tempo as

considerações serão acomodadas nas gavetas

da recordação e ali hibernarão, pois o momento

propício para dizê-las já morreu...

Sei que quanto menos esperar a brisa da

saudade vai me abraçar, então aquele antigo

desejo será agigantado, dando a impressão

de querer ressuscitar e dizer o que não foi dito.

Não há como revivê-las nem por gestos impelidos

pela alta expressão do pensamento, e nem pela

mais nobre e mais bela e expressiva arte de falar,

havia tanta singeleza na concentração das palavras,

tal qual o céu picado de estrelinhas ou o pulo

grácil dos antílopes...

Tentei praticar a minha forma de rezar

apelando até para os céus, mas não quiseram

ouvir pela visível indiferença e pela presença

do bioco do desapego que cobria até as orelhas.

Wil
Enviado por Wil em 08/03/2014
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