EU QUIS DIZER, MAS...
Transformei o meu pensamento em um aeródino
e com ele fugi deste estágio que me encontro
mesmo momentaneamente e apressado
por saber que o tempo é fugaz.
Quisera abranger tudo e tudo me desafiava
a dizer tantas coisas que estavam presas
dilacerando minha vontade, o silêncio
fez-se presente e elas se calaram...
Por certo e com o passar do tempo as
considerações serão acomodadas nas gavetas
da recordação e ali hibernarão, pois o momento
propício para dizê-las já morreu...
Sei que quanto menos esperar a brisa da
saudade vai me abraçar, então aquele antigo
desejo será agigantado, dando a impressão
de querer ressuscitar e dizer o que não foi dito.
Não há como revivê-las nem por gestos impelidos
pela alta expressão do pensamento, e nem pela
mais nobre e mais bela e expressiva arte de falar,
havia tanta singeleza na concentração das palavras,
tal qual o céu picado de estrelinhas ou o pulo
grácil dos antílopes...
Tentei praticar a minha forma de rezar
apelando até para os céus, mas não quiseram
ouvir pela visível indiferença e pela presença
do bioco do desapego que cobria até as orelhas.