PALAVRAS QUE SÓ TU ENTENDERIAS!

Mundo sem rumo é esse!

É por isso que eu nele creio.

Acredito na franqueza da mentira.

É na escassez da imensidão que eu me sacio.

Ando muito bem acompanhado nessa solidão:

Porque a fartura me mata de fome e porque a penumbra me ilumina!

Canção muda é essa!

É por isso que eu a decorei.

Acredito na largura da estreiteza.

É na lucidez da estultícia que eu me educo.

Ando muito bem controlado pelas regras da transgressão:

Porque esse meu medo me encoraja e porque quanto mais longe de mim, mais me acho!

Oceano desaguado é esse!

É por isso que nele me afogo.

Acredito no elevado e insustentável peso do ar.

É no desengano da grave enfermidade que eu encontro minha cura:

Porque meu sorriso é dolorido e porque quando choro minh’alma está em festa!

Fortuna miserável é essa!

É por isso que eu te peço esmolas.

Acredito na lógica insofismável da contradição.

É no esquecimento de tudo que se aprende, que reside a verdadeira cultura:

Porque nenhuma morte é mais letal que a vida e porque nenhum animal é mais desumano que o homem!

Abismo tão raso é esse!

É por isso que eu caio e nunca chego ao chão desse amor.

Acredito na felicidade de todos os êxitos que se dão no fracasso.

É no avanço de todas as nossas razões que mais retrocedemos em nossas emoções:

Porque quanto mais me queimo no gelo dessa sua indiferença;

mais congelam meus sonhos o fogo dessa esperança!

Como estão escuros esses dias!

É por isso que só adormeço ao amanhecer.

Acredito que é na lembrança que nasce o verdadeiro esquecimento.

É na ferocidade temida que habita a doçura e a mansidão:

Porque quanto mais sonho, mais reais se tornam meus dias;

E porque quanto menos desenho, mais escrevo tuas curvas!

Muito serena é essa loucura!

É por isso que eu prefiro amar com a mente.

Acredito na retidão dos passos tortuosos.

É na quebra da moral imposta que emerge a ética da felicidade:

Porque meu amor não pode ser curado por outro amor;

Porque meu amor por ti é doença sem cura!

Reinaldo Ribeiro
Enviado por Reinaldo Ribeiro em 02/05/2007
Reeditado em 16/05/2007
Código do texto: T472006
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