PRESSENTIMENTO
Tenho,
entre tantos,
um receio:
que os regozijos, os afagos
e os julgos
das aves de arrebentação
– em estranhos paradoxos
de versos e anversos
suspeitos – ,
a revoarem
entre jardins de azaléias
púrpuras
e a atuarem
com suas vis figurações
nos palco da vida,
derrubem-me das nuvens
por onde costumo voar
em esplende sonho
d'amor,
quebrando-me
as asas inexistentes
e estriando-me
os versos decadentes.
Tenho,
entre tantos,
um medo:
que as ominosas
pedras do caminho
a derrubem
– única flor
em quem ainda repouso
o sono e o sonho
inocentes –,
antes de minha pressentida
e iminente morte
de mim.
Péricles Alves de Oliveira