PRESSENTIMENTO

Tenho,
entre tantos,
um receio:

que os regozijos, os afagos
e os julgos
das aves de arrebentação

– em estranhos paradoxos
de versos e anversos
suspeitos – ,

a revoarem
entre jardins de azaléias
púrpuras

e a atuarem
com suas vis figurações
nos palco da vida,

derrubem-me das nuvens
por onde costumo voar
em esplende sonho
d'amor,

quebrando-me
as asas inexistentes
e estriando-me
os versos decadentes.

Tenho,
entre tantos,
um medo:

que as ominosas
pedras do caminho
a derrubem

– única flor
em quem ainda repouso
o sono e o sonho
inocentes –,

antes de minha pressentida
e iminente morte
de mim.

Péricles Alves de Oliveira
Péricles Alves de Oliveira (Thor Menkent)
Enviado por Péricles Alves de Oliveira (Thor Menkent) em 06/03/2014
Reeditado em 06/03/2014
Código do texto: T4717252
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