A Serenata
Uma noite de lua pálida e gerânios ele viria
com boca e mão incríveis tocar flauta no jardim.
Estou no começo do meu desespero
e só vejo dois caminhos: ou viro doida ou santa.
Eu que rejeito e exprobo o que não for natural
como sangue e veias descubro que estou chorando todo dia,
os cabelos entristecidos, a pele assaltada de indecisão.
Quando ele vier, "porque é certo que vem",
de que modo vou chegar ao balcão sem juventude?
A lua, os gerânios e ele serão os mesmos - só a mulher
entre as coisas envelhece.
De que modo vou abrir a janela, se não for doida?
Como a fecharei, se não for santa?