SÉTIMO SALÃO
Em todos os sonhos
O habitante era você
Já vindo a ter-me em outras vidas
Outras eras douradas e platinas
O homem que escolhi para amar
Todo o meu tempo
Dançando nos salões da casa
Dos pensamentos em cores vivas
Fazendo parte do diário em capítulos
Dos sussurros, dos cânticos do mar.
Do sibilar dos pássaros azuis
Na noite com meia luz
No dia na claridade celeste
Dos campos verdes e desertos do viver
No pulsar das horas de meu coração
Dançávamos a buscar o local feliz
Percorrendo salões e salões
Agarrava à sua mão para que não me deixasses só
Mesmo que eu o tenha deixado invadir sem querer
Meu olhar era o mesmo teu
Pois nunca fui meio alguém
Você era a minha sólida metade,
meu par dançarino, imaginário
meu conforto, amor maior.
Aos beijos alimentei anos a dança da vida
Percorremos os seis salões em diversos matizes
Sendo que me aterrorizava a porta do sétimo
Não desejava arrancar a máscara
No salão escarlate
Mas em realidade e no onírico
Teu rosto não era nada no real de minha vida
Teu peito já não estava ao encontro do meu
Dança descompassada...
Puxaste-me ao salão escarlate
Chorei as dores da peste da solidão
E o horror de ver-me sem par, sem metade
E o amor já sepultado...sem olhares
Quando assim acordei partida... cega...morta.
CINTIA THOME
Faz parte do livro da autora Cíntia Thomé - OLHOS DE FOLHA MINHA
pela livraria Saraiva
***Baseado no conto Mascara da Morte
ou Mascara Escarlate de Edgard Allan Poe.