um dia na vida
batia palmas incessantemente no portão
“ô dona do meu coração,
ô dona do meu coração!”
ninguém lá de dentro o ouvia
continuou por muito mais tempo
mas ela não o respondia
atrás dele, seus amigos com pena
olhavam
pra ele e pro céu
pra ele e pro céu
doidos pra pegar um táxi
ou uma outra condução
e irem todos embora
e ele ali no portão insistia
depois, lembrou da coroa de flores
“pra sempre em meu coração”
e viu que ela não o ouviria
“se estava aqui dentro comigo,
seria preciso chamá-la,
seria?”
Rio, 25/04/2007