AMOR DE CINZAS
No negrume corredor da noite
São muito longos meus vultos ancestrais
Divago no céu infestado do meu inacabado pensamento
Como nuvens carregadas pelos ventos e seus açoites
Mais a gravidade só me emprenha de vento...
E sou peso como todos os demais elementos
Como posso te dizer adeus...
Se sem você meus sonhos são ateus
Sem você passo a não ser realidade
Sou fé sem sacralidade
Sou mendicante sem seu lar
Eu bebo a embriaguez serena de teu ar
Pra sobreviver brinco no vórtice de teu jardim
Não posso tirar-me embrenhado de dentro de ti
O que vive eternizado e incrustado por dentro de mim...
Sem você passo a ser roupa estendida no varal
Nada para me vestir
Sou cinzas neste carnaval...
No outro dia após a etílica ebulição
Todo mundo volta á sobriedade
Sua maior carnavalesca alucinação...