POR SETE SEGUNDOS!
Sete segundos!
Caminhei durante uma hora,
Sem pensar em nada,
Sem desejar nada,
Sem ir para lugar algum.
No peito uma mágoa, uma tristeza qualquer me acompanhava...
Mágoa ou tristeza que não sei ao certo qual era.
Distraída eu andava,
Com os olhos nas luzes da cidade
E nada significava nada para mim.
Meus passos, casualmente lentos,
Não tão rápidos quanto o de costume...
Eu não queria nada, só queria andar.
Sair sem destino, sem pensar em nada,
Sentindo o vento no rosto.
Roupa de casa,
Sem esperança de ir a lugar algum,
Ou de encontrar alguém
Que faça algum sentido para minha vida solitária,
Não me trajei como o de costume, não usei batom,
Não penteei o cabelo.
O que me identificava era o meu eu solitário, não a minha aparência.
Era eu, ali, despida de todas as minhas máscaras.
Eu não queria ser reconhecida por ninguém, como, de fato, não fui,
A não ser por quatro pessoas especiais:
Uma professora de língua estrangeira que caminhou comigo
Conversando em francês e inglês comigo,
Duas crianças que foram alunas minhas
De inglês.
Brinquei um instante com elas e...
Depois, continuei a minha caminhada.
Fiz-me de surda a todo desconhecido
Que me chamava ao menos para perguntar as horas.
Era eu e meu mundo.
No meio do caminho
Não havia uma pedra.
No meio do caminho fui reconhecida
Por alguém que vinha também sozinho.
Era indiferente, só mais um
Também trajado com vestes informais.
Alguém, que, na minha distração
Chamou pelo meu nome e sorriu pra mim.
Sete segundos durou este encontro.
Em sete segundos, meu coração reviveu,
Por sete segundos meus olhos brilharam.
Trocamos umas vinte palavras em sete segundos.
Durante sete segundos eu sorri, e vi o seu sorriso
E contemplei o brilho dos seus olhos
Que me valeram mais do que as luzes da cidade
Ou das estrelas do céu.
Sete segundos,
Sete!