Do que eu sei
Do que sei
Eu não sei se sambo
se valso eu não sei
eu só sei que danço
e sempre dancei
Eu não sei de caso
eu não sei de adeus
eu não sei se finges
nada mais eu sei
Eu não sei dos rios
nem das corredeiras
nem das falsidades
nem das fofoqueiras
eu não sei do impulso
nem de intrusos uso
eu não sei das tralhas
nem das tantas teias
eu não sei do fogo
nem da fumaça sei
eu não sei das entranhas
dessas tantas trapaças
com saias e tranças!
torpes esperanças
atrizes sem alma
de mentiras tantas
e disso nem quero saber!
Eu só sei do verbo
e da linha plana
da poesia branda
e da retina clara
eu só sei das veias...
e do sangue quente!
sei dos versos límpidos
da poesia banhada
transvestida na manhã raiada
Sei do perfume do amor
e da janela ensolarada!
Eu só sei das verdades
e das viscerais rimas
Donde aprendes e ensinas
como rimar em paz.
Sei do sonho de um texto
sei da estrofe inteira
sei das emoções
nada rasteiras...
Sei da gota que chora
carregada de amor
que do peito evapora
transparente e sem dor
Sei das tuas caricias
e de nossas malicias
sei da voz que semeia
uma verdade latente
como um rasgo de gente
na porteira do dia!
Eu sei das clareiras
e das cachoeiras
dos cantos dos pássaros
e do sangue azul...
Sei do brinde da vida
do encorpado do vinho
sei dos sonhos sonhados
tão próximos, realizados!
sei da luz da próxima manhã
e do gosto maduro
desta fruta suculenta
que chamo de felicidade.
Então, pouco sei
mas o que sei já é tudo!
é semente latente
na boca de um futuro.
Márcia Poesia de Sá - 2014.