É NISSO QUE DÁ
É nisso que dá amar um coração infido;
dar-lhe amor, cobri-lo de ternura,
querer crer que se vive uma ventura
depois ver-se só, algo usado e esquecido.
É nisso que dá querer em demasia
fazer feliz um coração ingrato,
na volúpia de amar não se sente o maltrato,
na busca da felicidade perde-se a alegria.
É nisso que dá do peito abrir a porta,
deixar entrar o amor, a ilusão.
Pedir carinho em troca do coração;
e o que resta são marcas numa alma semi-morta.
Por muito tempo estará ainda fechado,
um coração que muito está ferido.
Quando secar o pranto, calar o gemido,
talvez não se lembre mais que foi magoado.