Horas Insossas
Nesta folha despencam lágrimas de ciúme
Qual tocha que percorre lugarejos de solidão!
Sinto-me deserto, vejo fogo em meu coração
Que queima tapetes persas de minha juventude!
A saudade é um balaio de sentimentos, overdose
De desejos trancafiados no íntimo de um cofre
Onde as sensações pululam em afrodisismo de amor!
O tempo se esqueceu de retirar-me da marcha ré
E igualmente me ignorou das confidências de outrora,
Todo meu pranto é vassalo que aqui atiro fora
E nos bueiros públicos não há uma gota d’água sequer...
Anestesio-me no choro que fere minhas cicatrizes
E nesse tom de nostalgia as horas se tornam atrizes
De um palco aveludado pelo protagonismo da dor!