NUNCA
Ah! Que nunca chegue esse dia
em que tua mão, que me acaricia,
recuse a minha mão envelhecida
ou que o silêncio seja maior ofensa
que a palavra irada proferida.
Ah! Que nunca chegue o instante
em que tua voz, doce e amante,
se cale sem qualquer motivo;
em que teu abraço não esteja vivo
no prazer do amor absorvido.
Ah! Que não exista a noite escura
que esconda e afogue a tua ternura
por tristes equívocos bisonhos,
que transformam todos nossos sonhos
em remorsos de amor incompreendido.
Ah! Que nunca existam tais momentos.
Não! Não enquanto houver sentido
para esse amor quase de tormentos
a sobrepor-se ao céu, ao tempo, ao inferno,
na sua ânsia de tornar-se eterno.