Negação do amor.

Eu sinto!

Sim, eu sinto

Todo o amargor das tuas palavras

Todo o desamor de tuas convicções

Embora, eu sinta que...

Eu te amo profundamente

Contudo, há uma planície que suplanta

Todo o meu amor profundo!

Então, vem à tona uma questão superficial

Aquela que me conduz à dimensão das coisas práticas.

Eu não posso amar-te, porque não sou forte

Não sou forte o suficiente para suportar-te

Não posso suportar-te.

É como se pesasses três mil quilos

E com uma carga de quarenta mil.

Não, não posso suportar teu jeito nefasto

Nem o teu modo hostil de lidar.

Não quero ser flagelada por esse amor.

Então, nego-o.

E de tanto negá-lo, reafirmo-o

Quero dizer: de tanto ter de conviver com a negação

É como afirmar, porque a negação de um segundo atrás

Não me serve para este momento

Em outras palavras, o amor ainda sobrevive.

Em meio a tantas coisas tolas, sinto.

Meus sentidos ainda funcionam

Ainda contemplam...

E numa total falta de sentido

Meus sentidos se tornam aguçados.

Na inexistência tenebrosa, uma centelha surge

Ou talvez sempre existiu.