TUDO ERA UMA VEZ
No início era o caos,
o caos e o poeta. Tudo era perfeito uma vez.
Mas o poeta embriagado
de não fazer contas do que sentia
pôs-se a sonhar com ninfas
banhando-se nas ondas azuis
do mar azul que ainda não existia.
Sonhou com desmedida alegria,
sonhou estrelas marinhas.
Pôs-se a sonhar água viva,
amaria tanto e tudo se faria.
Perguntou ao mar, perguntou à lua:
- onde anda minha amada,
estará perdida em poesia?
Então o poeta embrutecido de não saber amar
ordenou versos
e ergueu estruturas onde antes tudo era uma vez.
Onde não havia par criou rima,
inventou métrica sem margens para sua alegria
esqueceu-se das ondas e do mar
esqueceu-se das ninfas
e onde antes tudo era perfeito agora nada mais cabia.
Dos sonhos esqueceu-se
e foi viver de criar o mundo que não existia.
*
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Baltazar