A MERCÊ DA VIDA
Fim de um caso, do lado da cama
uma moldura de fotografia vazia
acompanhada de um olhar a procura do nada.
Sonhos agitados madrugadas inteiras
curtindo sons sentidos como
se fosse alguém chorando de saudade.
Um raiar de dia já cansado,
um caminhar com passos confusos,
um concatenar de ideias reclusas.
Uma esperança já sem vida
companheira de um martírio atroz,
cisma de um futuro feroz...
Lágrimas vêm do bem que
foi perdido antes do amor
não alcançado, disto já não duvido.
Agora sem luz tudo se tornou
baço, um nevoeiro espesso ofusca
minhas sempre lembradas paisagens.