OS PÁSSAROS
Embora te ame,
transcendentemente,
com singular
encanto
e com triste
canto
– que de nossos
rancores,
inseguranças
e severos julgos
verbais
tornamo-nos
reféns
em terrível
prisão –,
sinceramente não
sei mais
se nos faria bem
ou mal
– em silente
e longíquo porvir,
depois que
nossos sentimentos
se amenizarem,
depois que
as feridas da alma
se cicatrizarem
depois que
a angustiante dor
dor passar,
depois,
enfim, que,
morto o pássaro
negro,
a um sublime
bem-te-vi
encontrares –
sepultar esse grande
e único amor
com um ponto
final.
Péricles Alves de Oliveira