Rasuras

Inquieto jazendo nesse telúrico enleio,

rés da terra; dizem, o céu é do condor;

até tentei galgá-lo, num enlevo alheio,

pedindo ajuda pra um bichinho voador,

abutres vulneraram ao pombo-correio,

fazendo perder o rabisco do meu amor;

aí fui ao mar da esperança sem tarrafa,

meu anelo não era peixe, sereia, talvez;

o que há a dizer o próprio coração grafa,

e grafou o seu terno discurso outra vez;

mas, ondas e rochas partiram a garrafa,

as doces palavras de amor, o sal desfez;

esse afeto inda vive, com jeito de morto,

grita mesmo em silêncio, o grito é quieto;

se Deus escreve reto pelo caminho torto,

diabo o rasura; vive de plantar desafeto;

tal amor é voo retido ainda no aeroporto,

pois, não é segura a decolagem sem teto;

u’a hora queijo e goiabada levarão a cabo,

a razão das guloseimas é juntas comê-las;

que o fado que faça suas caretas de brabo,

será treinado para de novo para refazê-las;

aí, não contarão as pobres rasuras do diabo,

que todos leiam o que tá escrito nas estrelas...