Represa
Que pena que o rubor macula certa face
Hoje, dividida, qual Roma e Constantinopla;
manchas e dores não se removem num passe,
a timidez tolhe palavras que o desejo assopra...
Eu cá me ponho a escalar o último penhasco,
Que dá no platô onde viceja formosa vinha;
Volver é pior que seguir, se tentar me lasco,
Não abortei a escalada quando chances tinha...
Já deleita a ventura que longe se vislumbra,
Mas, o caminho preciso sonega todo atalho;
Faz muito que não corro atrás da sombra,
Aprendi que se espero, o sol faz o trabalho...
Caminho excêntrico como o distante bdélio,
a sina conduz, pois, não sou eu que escolho;
que mais quero, fui feito herdeiro de Hélio,
ele labora, e eu, ditoso tão somente colho...
o encontro tardio de nossas calientes libidos,
será como a cereja da torta, adorno e sabor;
a represa de todos nossos anseios perdidos,
será geratriz suficiente de muita luz e calor...