É cedo demais para o outono

Não, não digamos eu te amo

Perderemos a ternura de outrora

O sentimento rapidamente irá embora

É tudo questão de demora

Deixemos o coração falar

As bocas tocar, as almas unir

E por que não nos adoramos?

Amor é demais, sobre-humano

Ah insensato coração, não falas!

Se o beijo teu me atormenta

Se as horas contigo passam

O vento não sopra, rufla

Soltemos nossas asas, liberemos nossas feras

O minuto é coisa de instante

Estar contigo é coisa de momento

Eu te amo, é pra sempre estar unido

Se dar por inteiro ao animal

Servir sub-repticiamente ao ávido fatal

Não, eu não hei de te jurar amor

Já não é hora, temos que subir as colinas

Esquecer as folhas, que se danem as folhas

Quero mais os frutos das árvores incolor

Se não gostas de mim assim, deixe-me ao relento

Será passageiro, tenho certeza, coisa de momento

E se um dia eu te amar, irás perceber

É quando eu, formos nós

Quando coração for sinônimo de tu

Nunca me abandonarás, há de ter pena

Pois não serás alma pequena

É quando cultivarmos uma só planta

Regar todo dia essa semente

Não esquecer de regá-la mesmo quando chover

Que chova! Quero tempestade sobre nós

Matar minha sede, inundar minh'alma

Amar-te-ei com certeza

Gabriel Amorim 25/01/2013 http://devaneiospalavras.blogspot.com.br/