O COLO DE UMA MULHER

O colo de uma mulher é sagrado

Muitos o querem, porém só os predestinados verdadeiramente o têm;

Não é território que se invade

É dádiva que se faz por merecer.

Se nele o cuidado extremo se materializa

Por seu conteúdo, o tesouro desmaterializado vira sonho

Idioma que não necessita tradução

Absorve-se por sua própria natureza.

No colo de uma mulher um homem adormece

Amanhece, para novamente inquietar-se e ser acolhido

Para novamente emaranhar-se entre teias

E como um imã, ser magnetizado ao seu precípuo casulo.

No colo de uma mulher um homem queda-se peremptoriamente marcado

Jamais libertar-se-á do seu fim

Porque já entregara sua alma nos seus meios.

Se no colo de uma mulher há o pleno aconchego

Há, sobretudo, o cheiro de um desejo maduro

Onde um caçador recebe seu banquete à porta do céu

Água de deserto à mercê da sua sede

Calor de um verão que irrompe as entranhas de um inverno carente.

O colo de uma mulher é preciso e generoso

Tem o tempo como aliado

Pausa o filme de uma vida impávida

Tornando o seu eleito devidamente engalanado.

Da mulher que emana o dom da luz

O protagonismo é flagrante redundância

E na sua completude manifesta

Pluralidade, volúpia e elegância

O colo de uma mulher é universo essencialmente restrito

Onde formas, cheiro e gosto se coadunam num balé exclusivamente visto

Restando o bem-aventurado

Em proeminente e glorioso regalo.

No colo de uma mulher um homem se reinventa

Toda agonia se acaba

Toda referência se confirma

E, por fim, todo o amor se embriaga.

Marcelo Nazário
Enviado por Marcelo Nazário em 24/01/2014
Reeditado em 09/03/2018
Código do texto: T4663520
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