LINDO APENAS POR SER..
Estive dias esperando algo
Algo da qual não sei o nome
Algo que me faça ser profundo
Embora eu me sinta intenso
Sou intenso, mas no escuro
No claro, claro, sou do bem
Sou do mundo
Sou de alguém
Só não sei que nome darei
A este algo que sonhei
Isso não compensa o fato
O fato de que não sei amar
Não sei amar o fato ou não sei amar o amor?
Amo o não saber, porque sossega
Não sossega, tortura
Contradiz a constatação de um fato
O fato do amor
O fato da perdição
O fardo. Fardo?
O amor é um fardo de fato
E uma contradição
Lindos versos, mas para quê?
Não ganharás dinheiro
Serás apenas o poeta sofrido
Que suspira o próprio ar da fumaça
Que seu charuto exala quando ele pensa
Que quando ele tem a ideia
Que quando ele ama
Precisa dessa fumaça por ter lembrança
E que de nada lhe trarão verdade
Que verdade? Que não sabe amar?
Que não sabe chorar? Não
É que ele não sabe fumar
Há dois olhos que te encaram no espelho
Quem encara não tem o saber daquele que não o vê
E que aquele que não o vê não tem o poder
De saber que não faz sentido, porque tem o medo
Medo daqueles olhos, e de um fardo
Que marcado, à angústia, pelo ardor de ser mais forte
Há de ser, e pode, com um pouco de sorte
Quem sabe, um dia, ser um sabiá feliz
Ou infeliz, sabiá do amor, quem sabe, na sorte
Vença a morte