Que ele me veja ( lembrando Lya Luft)
(reeditado)
Que eu não seja apenas
um corpo desejado
que sempre deve estar disponível
ao alcance da mão
Que ele me veja além do casual
lendo nas entrelinhas do meu ser
o que nunca me atrevi a dizer
Que o olhar dele sobre mim
não se detenha ao que
é perceptível aos olhos
que vá mais além
ao encontro da minha ternura
ou até mesmo da minha solidão
Que o meu amor
seja amigo antes de amante
entendendo os meus limites
a minha imperfeição
e que não me exija
o que não posso dar
E naqueles momentos
em que o sol se esconde
entre as nuvens
que não cobre de mim
a gargalhada
a efusiva explosão dos sentidos
antes me abrace
me acalme docemente
me devolvendo o meu chão
Que ele
que sempre quis ao meu lado
se sinta despojado
em alguns momentos
de qualquer outro sentimento
que não seja a empatia
em total sintonia
com o que se passa comigo
sem julgamento
e sem cobrança
apenas sendo meu cúmplice
nada mais
Que o meu amor
entenda
que não sou mulher-maravilha
sou imperfeita
controversa
capaz de alguns desatinos
pois sou humana
e é nessa humanidade
que reside o que tenho
de mais bonito
para oferecer
é o meu jeito de querer
de ser eu mesma
de cara limpa
sem fotoshop
sem retoques
mas que atende prontamente
ao chamado do carinho
seja em que momento for