Boca da Noite
Abre-te boca
beija-me a voz
faz-me princípio
emoldura-me o sonho
deixa-me abraçar-te!
Quero sorver a negritude do seu ventre...
Boca da noite não mente
espia somente
os laços profundos do amor e
ama
ama com toda a força da despedida e
despida
atreve-se a beijar-me a fronte
já que não tenho boca
para gritar...
contento-me com o chorume do silêncio...
Já é fim de tarde
outras bocas ainda ávidas de paixão
certamente desfrutarão do pálido olhar da noite
e eu...
eu?
Ora, poeta nunca dorme...
contento-me com um beijo na mão
a mesma mão que vai transformar-te
em um lúcido poema!