"O poema, tem que ser belo..."

O poema, tem que ser belo como a primeira nota que tenho eu escutado.

Tem que fazer o sangue das veias correr, pelo canal do corpo vivo e desesperado de sermos pobres por pouco amarmos.

Tem que fazer as crianças gostarem de ler.

O poema, tem que ser belo como o primeiro vôo da águia em nós.

O poema, deve ser a alma falando com as musas, numa dança de ciranda na fogueira eterna.

O poema, tem que vim do inconsciente mais complexo.

O poema, tem que ser belo como uma moça, que, sendo hoje velha não perdeu o sonho de nunca deixar de amar belos versos.

O poema, tem que ser como o mais fresco capim do orvalho, que escorre num cetim e, sacia a sede do fiapo de nossa pequenez de sermos simplesmente felizes.

O poema, tem que vim do mais obscuro recanto, espalhar-se por todos os cantos, até no reduto canto de ficar apenas sozinho, na sombra de pensarmos em não ser infeliz.

O poema, deve ser semelhante a uma rosa, que dada a enamorada não lhe faça chorar, mas o pedido de um beijo grato ao amante ofertar.

O poema, vem da alma desce a sala dos puros sentimentos convidados e, reserva a eles um diálogo de mistérios, nunca antes aos rancores dos dissabores contados.

O poema, tem que ser uma sinfonia, como uma nota suprimida, mas apenas ouvido por quem nunca foi amado pela beleza de estar vivo.

O poema, vem lá do fundo, jamais será um absurdo, desce à cachoeira mais profunda para dar uma joia perdida pelas sereias desse mundo.

O poema, tem que ser grato, nunca destilar veneno, nem rato, porque a onde existir um poeta haverá uma centelha do afeto e, de tato, do sentir um espiritual frio do eu num vulto intimo, raro, fantasmagórico sutil e abissal, da emoção que emergi sempre do vasto Oceano dos seres Humanos, andantes na senda da sequidão dos delírios frugais.

O poema, tem que ser belo, ditar a macies do sumo da fruta poetica, que mata os desejos da moça nua inaudita, nos sonhos proibidos e virginal, das quimeras impuras, de mulher que apenas nos olhos Orfeu compôs musicas de delicada ternura.

O poema, diz incansavelmente: “Eu te amo”, mesmo não sabendo se gosta de si mesmo, porquê, o verdadeiro poeta come das migalhas do banquete ao mundo dos amantes servidos, sendo eles nutridos pela ilusão dos anseios de trovadores tristes; são engolidos pelos ciúmes de viveres da realidade dos caídos.

O poema, deve queimar o fogo da paixão, acender o pavio do tesão, espalhar a fumaça do coração e, incendiar os galhos secos do desejo, florescer sem medo um bosque do mito dos deuses.

O poema, nasceu e não deve morrer, tem que ser o selo do anel no dedo, o pacto com as profundezas de morrer sem medo; para viver no intangível do eterno beijo.

O poema, tem que ser belo, vai e, vem, não diz a ninguém seus medos, sua liberdade é incomparável: se cria na caneta tinteira, no teclar dos dedos, ou mesmo num pensar de infinitos segredos. Pois quando encontra quem o aprecie, explode de alegria como o primeiro choro dos... recém-nascidos.

Francesco Acácio
Enviado por Francesco Acácio em 22/01/2014
Reeditado em 06/08/2022
Código do texto: T4660072
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2014. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.