CAMPOS NEVADOS
Olhai, querida, estes campos nevados
Onde a tristeza constroi sua morada.
Essa brancura que assola e me enfada
É o que carrego, co' esforço, ao meu lado.
Olhai também esta rosa vermelha
Que mais adiante se encontra plantada.
Note que é tão bela, ardente e d'stacada
Que a neve em volta derrete-se inteira.
Então lhe digo, meu bem, que esses campos
Nevados, gélidos, brancos e tristes
É o que no meu lado esquerdo existe.
E aquela rosa, tão cálida e bela,
Que aquece os mais congelantes invernos,
O crepitar ardente, és fogo eterno!
És tu! Que sem ter nenhuma razão
Brotou aqui, nessa pedra gelada—
—O meu escasso de amor coração.