O CÁLICE DA AMARGURA
O cálice transbordando amargura reluz ao raio de sol
à espera, tranquilo e sereno por saber que o beberei,
pois forçoso me é bebê-lo malgrado não o deseje.
Às lágrimas, sorvo seu conteúdo pela mão da saudade.
Todavia, tão-logo se vê vazio, o cálice torna a encher-se
com mais rios de melancolia e me sorri pelo reflexo da luz,
e novamente ele, sarcástico, sabe que beberei tudo,
ainda que pela força danosa da falta que ela tanto me faz
E assim é nas 24 horas do dia, um cálice cheio após outro,
com tristeza uns, com saudade outros, com lágrimas alguns,
afogando-me a alma, o coração, as entranhas, meu eu
que se consome no amargo conteúdo desses cálices.