Beija-me
não quero suas palavras
quero sua saliva.

Não quero suas intenções
quero suas ações.
seu corpo quente
e em movimento.

Quero -lhe líquido
e não sólido.

Quero-lhe etéreo
e não concreto.
Quero a ficção
e não o romance.

Não quero seu ego
cheio de detalhes e
carências.

Não quero mais que um
momento.
Um átimo de âmago encharcado
de fótons...

Apenas um olhar que rasga a
luz com se fosse um 
véu a desvirginar
lentamente a realidade.

Beija-me.
Esquece o tempo,
o lugar,
os sujeitos
e os objetos.

Pare de correlacionar
orações com conectivos
fúteis e ilógicos.

Esse pensamento dominó
que só encaixa igualdades...
enquanto o que mais
desejamos são as diferenças,
os abismos mortais,
o salto ornamental sobre
a alma e o espírito...

E, a queda vertiginosa
nas essências secretas
de dois seres.

A acrobacia de desejos
que subitamente se surpreendem.
Que nos fazem animais adestrados
e recônditos aflorando de
nossa pele civilizada.

Beija-me.
E depois do adeus.
Guarde nos lábios
essa poesia 
cujo lirismo vigoroso jorra
de seu corpo.
GiseleLeite
Enviado por GiseleLeite em 17/01/2014
Código do texto: T4653865
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