O PRÍNCIPE POETA DO NADA

Sonhando num castelo de ilusões,

Estava o príncipe do nada solto

À roda das maiores confusões,

Que sua mente lia amor escolto.

Sua paixão ardente comprimia

A sua alma frenética de forte

Agitação e amor de fantasia,

Que lhe causava tão maior desnorte.

Ele vagueava pelo paraíso

Onde as flores brotavam um perfume

Suave e maravilhoso, num sorriso

Descontente, que ardia em brando lume.

Os pensamentos dele flutuavam

Nas cordas bambas do silêncio leve,

E os seus infinitos medos já choravam

Pelo amor impossível como a neve.

Que pobre príncipe de sonhos tão

Complicados de serem realidade,

E assim sofria tanto em coração

Exposto ao tempo, amor da eternidade.

Os pássaros cantavam a cantiga

Mais triste, que espelhava os olhos seus

Tementes da paixão maior e amiga,

Já descrente de fé no próprio Deus.

A sua amada tinha falecido,

E nunca conformado, só de pranto

Sua face espelhava o acontecido

De amor, perdido sempre pelo encanto.

As nuvens lá no céu estavam pretas,

E o sol estava demasiado fraco,

Parecia que as almas e os cometas

Habitavam num mundo feito caco.

O sangue já fervia a mil à hora,

Na desgraça fatal do amor real,

E na incompleta altura duma escora

Adormeceu o príncipe especial.

Apenas cavaleiro em sentimento

Enclausurado e preso, no destino

Deveras melancólico, e lamento

No amor assim sonhado de menino.

Ângelo Augusto

Ângelo Augusto
Enviado por Ângelo Augusto em 16/01/2014
Reeditado em 16/01/2014
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