O PRÍNCIPE POETA DO NADA
Sonhando num castelo de ilusões,
Estava o príncipe do nada solto
À roda das maiores confusões,
Que sua mente lia amor escolto.
Sua paixão ardente comprimia
A sua alma frenética de forte
Agitação e amor de fantasia,
Que lhe causava tão maior desnorte.
Ele vagueava pelo paraíso
Onde as flores brotavam um perfume
Suave e maravilhoso, num sorriso
Descontente, que ardia em brando lume.
Os pensamentos dele flutuavam
Nas cordas bambas do silêncio leve,
E os seus infinitos medos já choravam
Pelo amor impossível como a neve.
Que pobre príncipe de sonhos tão
Complicados de serem realidade,
E assim sofria tanto em coração
Exposto ao tempo, amor da eternidade.
Os pássaros cantavam a cantiga
Mais triste, que espelhava os olhos seus
Tementes da paixão maior e amiga,
Já descrente de fé no próprio Deus.
A sua amada tinha falecido,
E nunca conformado, só de pranto
Sua face espelhava o acontecido
De amor, perdido sempre pelo encanto.
As nuvens lá no céu estavam pretas,
E o sol estava demasiado fraco,
Parecia que as almas e os cometas
Habitavam num mundo feito caco.
O sangue já fervia a mil à hora,
Na desgraça fatal do amor real,
E na incompleta altura duma escora
Adormeceu o príncipe especial.
Apenas cavaleiro em sentimento
Enclausurado e preso, no destino
Deveras melancólico, e lamento
No amor assim sonhado de menino.
Ângelo Augusto