Leo e Lia
Leo deu o coração para Lia
Então desejou ser solto
Preferiu acompanhar a multidão
Que somar solidão com ela
Partiu-se
Descobriu que coração ido não volta
Virou cientista
Se envolveu com arte de desenvolver coração in vitro
Tentou se clonar para se dar outra vez
Não deu
A Leo sobrou sonhar com os filhos que não teve
E amá-los com todo o vazio do seu peito
Lembrar-se da cerimônia sem Lia e sem Leo
Que desexistiu
Fez-se aritmético de vida
Conhecedor das variáveis
E viveu de resolver os problemas que não tinha
Não conheceu, no entanto, a rotinas das árvores
Findou ventado pelo tempo, sem casa
Secou-se, tombado por sapos e cogumelos
Que moraram no eco cinzento da sua casca